segunda-feira, 16 de maio de 2011

OS ATRIBUTOS DE DEUS. (Culto de Doutrina)

Definição: Os atributos são “qualidades”, “propriedades”, “virtudes” ou “perfeições” de uma pessoa particular ou de um ser. Berkhof define atributos como “as perfeições atribuídas ao Ser Divino nas Escrituras, ou as que são visivelmente exercidas por Ele nas obras da Criação, Providência e Redenção.
            Duas perguntas devem ser feitas aqui: 1) Deus pode ser conhecido? A resposta é: Sim, até onde Ele mesmo se revela; 2) Deus pode ser compreendido? A resposta é: Não. No seu ser mais interior Deus é incompreensível. Nas palavras de W. Gruden: “embora tudo o que as Escrituras nos dizem sobre Deus seja verdadeiro, não é exaustivo”. E mais: fora da revelação de Deus pelos seus atributos, não podemos ter nenhum conhecimento do seu Ser.
            No decorrer da história têm surgido várias maneiras de classificar os atributos de Deus. No nosso estudo adotaremos a que os classifica como: 1) Incomunicáveis: aqueles que não encontram nenhuma analogia no ser humano, como a auto-existência, por exemplo; 2) Comunicáveis: os que encontram alguma ressonância nos seres humanos. Eles são transmitidos, em algum grau, aos seres humanos, como amor e bondade, por exemplo.           

A INDEPENDÊNCIA DE DEUS

            Esse atributo também é conhecido como auto-existência. Deus existe por si mesmo e sempre foi da maneira como é, não necessitando de nada e de ninguém além de si próprio. O homem existe, mas Deus é. (Jô 41.11; Sl 50.10-12).
a) Deus é independente na sua existência. Ele é o Criador incriado. Ele se basta. Ele é eterno e não tem origem nem fim (Ex 3.13-15; Jo 5.26; At 17.25).
b) Ele é independente no seu relacionamento. O seu caráter tripessoal é auto-suficiente (Jo 17.5). Deus não precisa de nós para nada; porém resolveu deleitar-se conosco (Sf 3.17).
c) Deus é independente nos seus pensamentos. (Rm 11.33,34) – “insondáveis” e “inescrutáveis” são palavras que demonstram que a sabedoria da mente do Senhor não pode ser investigada pelos homens e, portanto, não pode ser compreendida por eles.
d) Deus é independente na formulação dos seus planos. Quando o Senhor resolve fazer alguma coisa ele não consulta os homens. Todas as coisas estão perfeitamente claras na sua mente auto-suficiente (Sl 33.10,11; Is 40.13,14). V.A. Is 40.18,25.
e) Deus é independente na execução de sua vontade. Ele executa todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade (Ef 1.5,11; Rm 9.19). Não podemos impedir que a sua vontade possa ser feita (Dn 4.35).
f) Deus é independente no seu poder. (Sl 115.3). Ele pode tudo enquanto as suas criaturas nada podem sem ele. Quando exercem o seu poder os homens se cansam, mas não o Senhor (Is 41.4; Is 40.28,29).
            Aplicação: 1) As palavras desse Deus auto-suficiente deveriam fazer-nos inclinar diante dele em santa reverência. Não poderemos nunca refletir a mente de Deus a menos que tenhamos a mente de Deus que nos é comunicada pelo convívio sério e comprometido com as Escrituras. 2) O atributo da independência de Deus deve advertir-nos contra o sonho humano de ser independente. A independência é uma propriedade exclusiva de Deus. Deveria fazer-nos mais humildes e cada vez mais carentes da bondosa graça de Deus, tanto na manutenção de nossa vida natural como na criação e no aperfeiçoamento do nosso relacionamento com ele.

OS ATRIBUTOS DE DEUS (continuação)

2. A Imutabilidade de Deus
Definição: Deus é imutável no seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes.(Vamos ampliar este pensamento.)
EVIDÊNCIA NAS ESCRITURAS:1) Deus é imutável no seu ser (Sl 102.26,27; Tg 1.17); 2) Deus é imutável nos seus decretos (Jô 23.13,14; Is 14.24,27); 3) Deus é imutável em suas promessas (2 Tm 2.13);  4) Deus é imutável nos seus atributos: a) imutável em seu amor (Jr 31.3; Jo 13.1); b) imutável em sua verdade (Sl 119.89); c) imutável em sua misericórdia (Ml 3.6); 5) Deus é imutável na concessão dos seus dons (Rm 11.29).
APARENTES MUDANÇAS EM DEUS – As Escrituras mostram as vezes em que Deus muda de atitude para com o homem. Alguns exemplos são: Moisés e a sua oração (Ex 32.9-14), o acréscimo de quinze anos a Ezequias (Is 38.1-6) e o fato de Deus ter voltado atrás na decisão de julgar Nínive (Jn 3.4,10). E, o que dizer do “arrependimento” de Deus? Ver (Gn 6.6; I Sm 15.10). Isso quer dizer somente que Deus reage de modo diverso a situações diferentes. Quando os homens se arrependem do mal praticado, Deus também muda de atitude para com eles, sendo-lhes misericordioso. Os escritores sagrados tentaram expressar um sentimento divino com palavras comuns à experiência humana. O “arrependimento” de Deus não é, no mínimo, semelhante ao dos seres humanos na sua essência. Implica em que a ação divina anterior conduziu a acontecimentos que a curto prazo lhe trouxeram pesar, mas que assim mesmo, a longo prazo, acabariam realizando os seus bons propósitos (Cf.: Nm 23.19).
APLICAÇÃO: 1) Aprenda a ver que o fundamento do nosso conforto, da nossa esperança, do nosso encorajamento e de nossa força está na imutabilidade de Deus; 2) Aprenda a contrastar a nossa mutabilidade de criaturas com a SUA imutabilidade como criador; 3) Aprenda a aplicar a doutrina da imutabilidade de Deus à sua vida e à de seus descendentes.

3. A Eternidade de Deus.
Definição: A eternidade de Deus pode ser definida assim: Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de momentos no seu próprio ser, e percebe todo o tempo com igual realismo; ele, porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo.
a) Deus é eterno em seu próprio ser(Sl 90.2). Antes de haver um universo, e de haver o tempo, Deus sempre existiu, sem princípio e sem ser influenciado pelo tempo.
b) Deus percebe todo o tempo com igual realismo (Sl 90.4; 2 Pe 3.8). Juntando as duas passagens, podemos dizer o seguinte: do ponto de vista de Deus, qualquer período extremamente longo de tempo é como se tivesse acabado de acontecer. E qualquer período muito curto de tempo (um dia, por exemplo) para Deus parece durar para sempre: jamais deixar de ser “presente” na sua consciência. Assim, Deus vê e conhece todos os eventos passados, presentes e futuros com igual realismo.
c)Deus percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo (Gl 4.4-5; At 17.30-31). Deus pode agir no tempo porque é o Senhor do tempo.
APLICAÇÃO: 1) Aprenda sobre a importância de o Deus eterno ser nosso refúgio de geração em geração (Sl 90.1); 2) Entenda que quanto melhor for a noção da eternidade de Deus, melhor enfrentaremos as tempestades que possam vir sobre nós (Sl 90.15); 3) Considere a eternidade de Deus para pôr um fim à sua arrogância (Tg 4.14).


4. A Onipresença de Deus.
            Definição: Deus não tem tamanho nem dimensões espaciais e está presente em cada ponto do espaço com todo o seu ser; ele, porém, age de modos diversos em lugares diferentes.
a) Deus está presente em todo lugar – (Jr 23.23-24; Sl 139.7-10). Não há lugar de todo o universo, na terra ou no mar, no céu ou no inferno, onde se possa escapar à presença de Deus. Deus está presente com todo o seu ser em cada ponto do espaço.
b) Deus não tem dimensões espaciais – Deus não pode ser contido por espaço nenhum, por maior que seja (1Rs 8.27). Devemos evitar conceber Deus em termos de tamanho ou dimensões espaciais.
c) Deus pode estar presente para punir, sustentar ou abençoar – (Am 9.1-4; Cl 1.17, Hb 1.3; Sl 16.11). Mas, de fato, na maior parte das vezes em que a Bíblia fala da presença de Deus, refere-se à presença divina para abençoar – (2 Co 3.17; Rm 8.9-10; Jo 14.23). Igualmente, quando a Bíblia fala que Deus está “longe”, geralmente quer dizer que “não está presente para abençoar”- (Is 59.2; Pv 15.29).
            Sendo Deus onipresente, “quer fugir dele? Fuja para ele”(Hermam Bavinck).
Aplicação: a) Para os incrédulos – Quão terrível é para os ímpios saber que não podem ocultar nada de Deus! Quão tolo é pensar que os homens podem fugir da presença de Deus! (Pv 15.3); b) Para os crentes – b.1) A Onipresença de Deus é conforto nas horas de grandes tentações (Jo 16.32), b.2) A Onipresença de Deus é conforto nas horas de terríveis aflições (Is 43.2), b.3) A Onipresença de Deus é conforto nas horas de adoração (Is 57.15).
            Se você tem consciência de que Deus está presente, então, quando for pecar, saiba que ele está junto de você. Você não peca sozinho, secretamente. Saiba que ele se entristece pelos pecados dos seus filhos.
¨      ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS
1. A Espiritualidade de Deus.
            Definição: Deus não é feito de matéria, não tem partes nem dimensões, é incapaz de ser percebido pelos nossos sentidos corpóreos e é mais excelente do que qualquer outro tipo de existência. (Jo 4.24).
            Quando a Bíblia fala de mãos e pés, olhos e ouvidos, boca e narinas de Deus, está usando uma linguagem antropomórfica ou figurada para se referir Àquele de quem só podemos falar aos gaguejos, à maneira dos homens.
2. A Invisibilidade de Deus.
            Ligado à espiritualidade de Deus está o fato de que Deus é invisível.
            Muitas passagens abordam o fato de que Deus não pode ser visto (Jo 1.18; 6.46; 1Tm 1.17; 6.16).
 Uma manifestação visível de Deus foi a própria pessoa de Jesus Cristo (Jo 14.9; 1.18; Cl 1.15).
Mas como então veremos a Deus no céu? As Escrituras dizem que veremos ao próprio Deus – (1Co 13.12; Ap 22.3-4). João nos promete que embora a maioria das coisas que nos esperam no céu esteja envolta em mistério, de uma coisa podemos estar certos: “Seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é” (1Jo 3.2). Em teologia chamamos isso de visão beatífica = “a visão que nos faz bem-aventurados”.
Quando nos damos conta de que Deus é a perfeição de tudo o que ansiamos ou desejamos, que ele é a soma de tudo o que é belo ou desejável, então percebemos que a maior alegria da vida futura será contemplar “a sua face”.
ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS ( continuação)

Atributos Mentais

3. Conhecimento (onisciência)

            Definição: Deus  conhece a si mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato simples e eterno. Conf. I Jo 3.20. Analisemos mais detalhadamente essa definição.
1)Deus conhece plenamente a si mesmo. Trata-se de um fato espantoso, pois o próprio ser divino é infinito ou ilimitado – (1 Co 2.10,11).

2) Deus conhece “todas as coisas reais”. Isso significa todas as coisas que existem (cf. Hb 4.13) e todas as coisas que acontecem. Deus também conhece o futuro (cf. Is 46.9-10). Ele conhece os mínimos detalhes da vida de cada um de nós (cf. Mt 6.8; 10.30). Ele conhece os nossos atos e pensamentos (Sl 139.1-2); as palavras que diremos antes que as digamos (v.4); e conhece todos os dias da nossa vida mesmo antes de nascermos (v.16).

3) Deus conhece “todas as coisas possíveis”. Em algumas passagens bíblicas Deus dá informações sobre eventos que poderiam acontecer, mas que na verdade acabaram não acontecendo (cf. 1Sm 23.11-13). V.A. (Mt 11.21,23; 2 Rs 13.19).

4) Deus conhece tudo num “ato simples”. A palavra “simples” é usada aqui no sentido de “não dividido em partes”. Ele sempre sabe todas as coisas simultaneamente, não precisando, portanto, raciocinar para chegar a alguma conclusão (cf. Sl 90.4; 2Pe 3.8).

5) Deus conhece tudo num “ato eterno”. Assim, desde toda a eternidade Deus conhece todas as coisas que aconteceriam e todas as coisas que faria.

            Alguém pode objetar que Deus promete esquecer os nossos pecados (cf. Is 43.25). Mas o texto significa apenas que Deus jamais deixará novamente que o conhecimento desses pecados exerça alguma influência no modo como ele se relaciona conosco

Aplicação: Nenhum de nós sabe o que sucederá amanhã, mas o nosso futuro está patente aos olhos do nosso Deus. Tudo está descoberto aos seus olhos!

4. A Sabedoria de Deus

            Definição: Deus sempre escolhe as melhores metas e os melhores meios para alcançar essas metas. (cf. Rm 16.27; Jó 9.4; 12.13).

            A sabedoria de Deus se revela especialmente: a) na criação (cf. Sl 104.24); b) no seu grande plano redentor (cf. 1Co 1.24,30; Rm 11.33); c) na vida de cada um de nós (Rm 8.28, 29). Devemos ter como grande fonte de confiança e paz, diariamente, saber que Deus faz todas as coisas nos levar rumo à meta derradeira que ele tem para a nossa vida, a saber, que possamos ser semelhantes a Cristo e assim dar-lhe glória – (comp. 2Co 12.7-10).

            A sabedoria de Deus em parte nos é comunicável – (cf. Tg 1.5; Sl 19.7). Porém é preciso lembrar que a sabedoria de Deus não é comunicável em sua totalidade (Rm 11.33). Isso significa que freqüentemente depararemos com situações em que não poderemos compreender por que Deus permite que determinada coisa aconteça. Então temos simplesmente de confiar nele e continuar obedecendo aos seus sábios mandamentos para nossa vida (1Pe 4.19).

Aplicação: Reflita sobre a sabedoria divina. Estude sobre a sabedoria divina. Peça a Deus sabedoria. Submeta-se à sabedoria divina. Não questione a sabedoria de Deus. Submeta-se à sabedoria de suas revelações. Submeta-se a todos os seus decretos da história do mundo. Submeta-se aos decretos dele na sua vida pessoal. Jamais confie na sua própria sabedoria.

5. A Veracidade de Deus

            Definição: A veracidade divina implica que ele é o Deus verdadeiro, e que todo o seu conhecimento e todas as suas palavras são ao mesmo tempo verdadeiros e o parâmetro definitivo da verdade. Vamos detalhar melhor essa definição.

1) O Deus revelado nas Escrituras é o Deus verdadeiro ou real, e os outros supostos deuses são ídolos (cf. Jr 10.10-11; Jo 17.3).

2) Todo o conhecimento de Deus é verdadeiro e o parâmetro da verdade (cf. Jó 37.16). Se pensarmos o mesmo que Deus pensa sobre qualquer coisa do universo, teremos um pensamento verdadeiro sobre tal coisa.

3) As palavras de Deus são ao mesmo tempo verdadeiras e o parâmetro definitivo da verdade. Deus é confiável, e jamais se revelará infiel àqueles que confiam naquilo que ele disse. Na verdade, a essência da verdadeira fé é crer absolutamente na palavra de Deus e confiar que ele fará o que prometeu (cf. Dt 32.4).

            A veracidade de Deus é também comunicável, pois podemos em parte imitá-la, buscando alcançar verdadeiro conhecimento de Deus e do mundo (cf. Cl 3.10).

            Numa sociedade extremamente descuidada com a veracidade das palavras faladas, devemos imitar o nosso Criador e tomar grande cuidado para garantir que nossas palavras sejam sempre verdadeiras (cf. Cl 3.9-10; Ef 4.25; 2Co 4.2; Pv 4.24).

            Além do mais, devemos imitar a veracidade de Deus na nossa própria reação à verdade e à falsidade. Como Deus, devemos amar a verdade e odiar a falsidade (cf. Ex 20.16; Sl 15.2; Pv 15.3; Zc 8.17).

            Esses mandamentos foram dados porque o próprio Deus ama a verdade e detesta a falsidade (Pv 12.22).

            Portanto, as Escrituras nos ensinam que mentir é errado não só por causa do dano que advém desse ato, mas também em virtude de uma razão mais profunda e forte: quando mentimos desonramos a Deus, o qual é a Verdade Suprema.



Pastor Marcone Borba.



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