segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Como viver à Luz da Verdade

Como viver à Luz da Verdade: (2 Jo 1-13). Introdução: Esta é uma das cartas mais curtas do Novo testamento. O proposito maior desta pequena carta é alerta a igreja acerca da necessidade de se viver á luz da verdade. Muitas heresias estavam sendo espalhadas pelos falsos mestres e a igreja precisava se acautelar para não naufragar na fé. Conhecer a verdade, andar na verdade e permanecer na verdade são as orientações de João à igreja para não sucumbir diante deste cerco dos falsos mestres. A igreja deve viver na verdade, no amor, e na obediência. Pois isso são provas do verdadeiro crente em Cristo. 1) A Igreja Deve Conhecer a Verdade. (V 1-3). O Apostolo João, que se apresenta apenas como ‘’o presbítero’’, usou a palavra verdade quatro vezes em sua saudação (V 1-3). Esta é a palavra que rege não só esta parte da carta, mas toda a carta. A igreja estava sendo bombardeada pelos falsos mestres, eles saíram de dentro da igreja (1Jo 2:19), abandonaram a sã doutrina e se converteram em agentes do anticristo. Estes falsos mestres estavam numa intensiva cruzada itinerante, negavam a Divindade e a humanidade de Cristo. Quando João desta a necessidade de conhecer a verdade, precisamos perguntar: o que é a verdade para o apostolo João? Ela representa a realidade em oposição à mera aparência. Verdade aqui se refere à realidade Divina, e significa aquilo que é real em ultima analise, a saber, o próprio Deus. ‘’A verdade’’ é a realidade do ‘’Deus verdadeiro e vivo’’ em contraposição a todas as imagens de Deus produzidas pela sabedoria humana e invenção pessoal. Portanto para João a verdade é.... ( A ) ‘’Jesus Cristo’’. Jesus Cristo é o pão da vida (Jo 6:35) alimento para os famintos, Jesus é a luz do mundo (Jo 8:12) visão para os cegos. Jesus é a porta das ovelhas (Jo 10:7), destino para os perdidos e desviados. Jesus é o bom pastor (Jo 10:11) cuidado para as ovelhas. Jesus é o caminho a verdade e a vida (Jo 14:6) salvação para os enganados. Jesus é a ressurreição e a vida (Jo 11:25), vida para os mortos. Jesus é a videira verdadeira (Jo 15:1) comunhão para aqueles que o buscam. ( B ) ‘’A palavra de Deus’’. A palavra de Deus é a verdade para o aposto João (Jo 17:17). ( C ) ‘’O Espirito Santo’’. Para o aposto João o Espirito Santo que habita em nós é o Espirito da verdade e também nos capacita a conhecer a verdade (Jo 14:16, 17: 16:13). Vamos destacar aqui mais alguns princípios: 1.1) A Verdade deve ser conhecida por nós. (V 1). ‘’O presbítero à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade’’. Era a verdade que ligava João em amor a esta igreja, especialmente a verdade acerca de Cristo em oposição à mentiras dos hereges. João anuncia seu amor verdadeiro à igreja, ele afirma que esta saudação era enviada também por todos os que conhecem a verdade. Com isso João está dizendo que a verdade precisa ser conhecida, devemos apenas conhecer a verdade, mas também amar na verdade e viver por amor da verdade. Conhecer a verdade é mais do que concordar com um conjunto de doutrina, significa que a vida do cristão é controlada pelo amor à verdade. Devemos não apenas aprender a verdade com a mente, mas ama-la com o nosso coração e vive-la com a nossa vontade, por tanto a verdade deve ser conhecida por nós, a igreja. 1.2) A Verdade deve estar arraigada em nós. (V 2). ‘’Por causa da verdade que permanece em nós.... ‘’. Não basta conhecer a verdade é preciso permanecer nela. Um dia os falsos mestres professaram a verdade. Porem, saíram da igreja (1Jo 2:19) a verdade não estavam arraigada neles. Por conseguinte, eles não permaneceram na verdade. Há muitos que ainda hoje apostatam da fé e abandonam a verdade que um dia professaram. 1.3) A Verdade deve permanecer em nós. (V 2b). ‘’....... e conosco estará para sempre’’. A verdade deve permanecer em nós não apenas por um tempo, mas para sempre. Não basta começar bem, é preciso terminar bem. Paulo falou de completar a carreira (At 20:24: 2Tm 4:7) muitos crentes e muitos mestres se perderam no meio do caminho. Desviaram-se e voltaram para tras. João diz que a verdade precisa permanecer na igreja, uma vez que ela é a coluna e o baluarte da verdade. 1.4) A Verdade deve ser vista em nós. (V 3). ‘’Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor’’. A graça e a misericórdia são a raiz e a paz é o fruto. Quando experimentamos a graça e a misericórdia, recebemos a paz. Graça e misericórdia são expressões do amor de Deus, graça para com os culpados e destituídos de méritos, Misericórdia para com os necessitados e desamparados. Paz é aquele restabelecimento da harmonia com Deus, com os outros e com nós mesmo, a que chamamos salvação, a graça remove a culpa, a misericórdia remove a miséria, a paz expressa a continuidade da graça e da misericórdia. O apostolo João destaca aqui a Divindade de Cristo, a saudação a igreja é dada em nome de Deus Pai e de Jesus Cristo, o filho. Jesus Cristo é eternamente gerado do Pai. Ele é Deus de Deus, luz de luz, coigual, coeterno e consubstancial com o Pai. Desta forma quem nega o Filho também não tem o Pai (1Jo 2:23). A fé crista mantem-se em pé ou cai dependendo da maneira como ela vê a doutrina da Divindade de Cristo. Se Jesus Cristo é somente um homem, ele não pode nos salvar. Se ele não encarnou, também não pode se identificar conosco. A comunidade crista deve ser fortalecida pela verdade e pelo amor, precisamos amar uns aos outros na verdade, e falar a verdade uns com os outros em amor, assim o mundo vera a verdade de Cristo em nós. 2) A Igreja Deve Anda na Verdade. (V 4-6). Este paragrafo abre e fecha com uma ênfase sobre obediência. Não é suficiente estudar a verdade e discuti-la; precisamos pratica-la. Precisamos ser obediente a esta verdade. 2.1) A Obediência é fonte de Alegria. (V 4a). ‘’Muito me alegrei em ter achado alguns de teus filhos andam na verdade. . .’’ O apostolo João exulta de alegria ao ver que na igreja alguns crentes andam na verdade, alguns haviam se desviado e seguido os enganadores, mas haviam também aqueles que se mantiveram fies e permaneciam firmados na verdade apostólica, nada entristece mais um pastor de almas do que ver alguns crentes desobedientes e rebeldes que não se submete à palavra de Deus. A obediência é a evidencia da verdade e a fonte da alegria 2.2) A Obediência é circunscrita ao mandamento divino. (V 4b). ‘’Assim como recebemos o mandamento do Pai’’. A obediência que traz alegria é aquela circunscrita ao mandamento recebido do Pai, não de um líder religioso, não é obediência da tradição dos homens. Líder religioso a fé crista é uma caminhada pela estrada luminosa da verdade. É viver de acordo com o mandamento recebido do Pai. 2.3) A Obediência é demonstrada pelo Amor. (V 5-6). ‘’E agora, Senhora rogo-te, não como se escrevesse novo mandamento, senão o que tivemos desde o principio: que nos amemos uns aos outros. E o amor e este: que andemos segundo os mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o principio ouviste, para que nele andemos’’. Depois de evidenciar sua alegria em ver alguns crentes andando na verdade e apresentar seu argumento, dizendo que a obediência deve cingir-se ao mandamento divino, o apostolo faz um eloquente apelo para que os crentes amem uns aos outros. O amor ao próximo é antigo, é da lei (Lv 19:18, 34), mas em Cristo esse mandamento recebe uma nova ênfase e um novo exemplo (Jo 13:34) ao mandamento para crer é acrescentado o mandamento para amar. Ser cristão é crer em Cristo e amar uns aos outros. A fé e o amor são sinais do novo nascimento. Precisamos entender que o fruto do Espirito Santo é o amor. A essência do cristianismo é amor. Sem amor ao próximo não podemos dizer que amamos a Deus (1Jo 4:8). Quem não ama esta nas trevas (1Jo 2:9-11). Quem não ama permanece na morte (1Jo 3:14. O amor é a prova maior de que somos discípulos de Cristo (Jo 13:35). O amor é o maior mendamento e também o cumprimento daa lei. 3) A Igreja Deve Permanecer na Verdade. (V 7-13). João faz uma transição dos crentes verdadeiros para os falsos metres, do trigo para o joio, dos que obedecem aos mandamentos para os enganadores. Os enganadores não eram apenas hereges quanto a teologia, mas também pervertidos quanto à ética. Eles eram mais do que pessoas que ensinavam falsas doutrinas, eles também conduziram as pessoas a uma vida errada. Verdade e vida caminham juntas assim como doutrina erra e vida erra são irmãs gêmeas. 3.1) O Perigo de não olha ao redor. (V 7). ‘’Porque muitos enganadores tem saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo’’. O aposto destaca que não são poucos, mas muitos os enganadores que se movem mundo afora com o proposito de enganar os crentes. John Stott diz que, Assim como os apóstolos foram enviados ao mundo para pregar a verdade, assim estes falsos mestres tinham saído para ensinar mentiras, como emissários do diabo. Do ponto de vista deles, eram missionários cristãos. No entanto, do ponto de vista do apostolo, eles eram impostores. A heresia destes mestres era que eles não confessavam Jesus Cristo vindo em carne. Eles negavam a encarnação de Cristo. Por conseguintes, negavam toda a sua obra redentora e sua ressurreição. O ‘’cristo intelectual’’ do gnosticismo não é o redentor do pecador por intermédio da morte sangrenta da cruz. Os gnósticos pregavam um falso cristo, um falso evangelho e seduzia as pessoas a abraçarem uma falsa visa e nutrirem uma falsa esperança. Os enganadores desviam as pessoas de duas formas: primeiro elimina os preceitos. Nada de preceitos. Ada de princípios. Nada de mandamentos. Tudo é permitido. Nada é proibido. Tudo é liberado. Nada tem a ver. Segundo. Eles colocam preceitos e mais preceitos sobre as pessoas, eles torna as pessoas escravas de suas tradições. Atam fardos pesados sobre as pessoas e desviam elas da liberdade da graça de Deus. 3.2) O Perigo de voltar atrás. (V 8). ‘’Olhai por vós mesmo, para que não percais o que ganhaste, antes receba plena recompensa’’ Esse é o perigo de perde aquilo que já se ganhou. Os falsos mestres dizem oferecer algo que não temos, quando, na realidade, tiram algo que já possuímos. Satanás é ladra e espoliador. Os falsos mestres são enganadores, e não pastores. Eles não entram pela porta do aprisco. O proposito deles é assaltar as ovelhas e deixa-las à mercê dos predadores. Os enganadores vêm para desviar os crentes das veredas da justiça. Precisamos nos acautelar. Tomar cuidado. 3.3) O Perigo de ir além. (V 9) ‘’todo aquele que vai além da Doutrina de Cristo, e não permanece nela, não tem a Deus: quem persevera na Doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho’’. O ancião alega que eles ‘’avançaram’’ além das fronteiras da verdadeira fé cristã. Os enganadores estavam oferecendo aos crentes uma versão mais avançada do cristianismo. Eles tinham um discurso progressista. Eles prometiam algo que os crentes não possuíam. Eles falavam de um conhecimento místico e esotérico superior ao conhecimento que os crentes tinha. Eles falavam de experiências místicas e arrebatadoras que os crentes não haviam experimentado. William Barclay diz que com a pretensão dos falsos mestres de oferecer um cristianismo novo e melhor eles estavam, na verdade, destruindo o verdadeiro cristianismo. O perigo aqui é ir além dos limites da palavra de Deus e acrescentar a ela as novidades criadas no laboratório do engano. Os falsos mestres tinham ido tão além que deixaram Deus para trás, pois ao negarem que Jesus Cristo veio em carne, perderam também a comunhão com Deus. Na teologia devemos ser conservadores, e não progressistas. Devemos permanecer na sã Doutrina de Cristo em vez de ir além dela. 3.4) O Perigo de ir junto. (V10-11). ‘’Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o receba em casa, nem tampouco o saudeis. Quem o saúda participa das suas obras má’’. O pano de fundo deste alerta do apostolo tem a ver com a questão da hospitalidade aos pregadores intinerantes. A hospitalidade era uma pratica cristã recomendada na igreja primitiva (Rm 12:13). Embora a hospitalidade fosse uma pratica do amor cristão (1Tm 3:2; 5:3-10; 1Pe 4:8-10). Os crentes não deveriam receber estes falsos mestres em casa nem na igreja. Dar as boas-vindas a estes enganadores seria o mesmo que caminhar junto deles e ajuda-los nesse maligno proposito. O motivo de oferecer hospitalidade aos que não trazem a doutrina de Cristo é que dar as boas-vindas a estes mestres do engano seria torna-se coparticipantes com eles e cumplices de suas obras más. 3.5) A conclusão da carta: (V 12-13). ‘’Tendo muito que escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta; mas espero ir ter convosco e falar de face a face, para que o nosso gozo seja cumprido. Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. Amém’’. João passa da instrução para o anseio pela comunhão. Não basta instruir os crentes para o apostolo, ele anseia estar com eles, a fim de que sua alegria seja completa. O cristianismo não é apenas conhecimento, mas também relacionamento. As demais instruções apostólicas seriam transmitidas não pela forma escrita, mas pela comunicação oral. Conclusão: Warren Wiersbe diz ‘’Esta carta é uma pérola da correspondência sagrada. No entanto, não se deve esquecer que a sua ênfase principal é a necessidade de permanecer alerta. O mundo está cheio de enganadores’’. É preciso conhecer a verdade, andar na verdade, e permanecer na verdade. E a verdade é Jesus Cristo. A igreja é baluarte da verdade, ela deve a cada dia se comprometer só com a verdade de Cristo. Que Deus nos guarde na verdade. Amém.