quinta-feira, 23 de junho de 2011


Martyn Lloyd-Jones

Graça Abundante.

Em sua obra Grace Abounding (Graça Abundante), John Bunyan nos conta que estivera numa condição e em agonia de alma durante dezoito meses. A questão de tempo não importa, mas todo homem que é despertado e convencido do pecado só pode ficar perturbado por causa disso. Como poderá encarar Deus depois da morte? Ele sabe que não poderá e, portanto, sente-se infeliz e inquieto. Não há paz; ele não sabe o que fazer consigo mesmo; não tem descanso. Ter "paz com Deus" é, obviamente, o oposto disso. Implica primeiro e acima de tudo que a mente do homem está em repouso, e ele tem esse repouso porque agora vê que este método de Deus, suprido em Cristo, é realmente um método que satisfaz todo o desiderato. Agora ele consegue ver como isto satisfaz a justiça, a retidão e a santidade de Deus. Agora ele consegue ver como este método de Deus pode justificar o ímpio, como Paulo já tinha exposto no capítulo 4. Ele pondera isso e diz: "Sim, posso descansar nisso; uma vez que Deus "justifica o ímpio, Ele pode justificar até a mim".


Notem que eu coloco essa apreensão e compreensão da verdade em primeiro lugar. Não há paz entre o homem e Deus enquanto o homem não assimila esta doutrina da justificação. É o único meio de se ter paz. E é algo que vem à mente, é doutrina, é ensino. Noutras palavras, não nos é dito: "Tudo está bem, não se preocupe. Tudo estará bem no fim; o amor de Deus lhe dará plena cobertura". O evangelho não é isso. Aqui está tudo exposto, em detalhe, desta maneira explícita; e vem como verdade à mente. A primeira coisa que acontece é que a mente recebe iluminação, e o homem diz: "Agora vejo. E estonteante em sua imensidade, mas posso ver como Deus realizou isso. Ele enviou Seu Filho e puniu nEle o meu pecado. Sua justiça foi satisfeita, e, portanto, posso ver como Ele pode perdoar-me, apesar de eu ser ímpio, apesar de eu ser pecador". A mente se satisfaz.


Você nunca terá paz verdadeira, enquanto sua mente não for satisfeita. Se você tem apenas alguma experiência emocional ou psicológica, isso poderá mantê-lo tranqüilo e dar-lhe repouso por algum tempo, porém, mais cedo ou mais tarde, surgirá algum problema, alguma situação o confrontará, alguma questão chegará à sua mente, talvez pela leitura de um livro ou numa conversação, e você não será capaz de responder, e assim irá perder a sua paz. Não haverá verdadeira paz com Deus enquanto a mente não tiver assimilado esta doutrina bendita e dela tiver tomado posse, tranqüilizando-se então.


O homem que crê nesta verdade e que capta a sua importância, é alguém que sabe que Deus o ama, a despeito do fato de que é pecador, e a despeito do seu pecado. Anteriormente ele era perturbado pela ira de Deus. A pergunta que fazia era: como Deus pode amar-me e abençoar-me? Mas, quando vê Cristo morrendo na cruz, sepultado e ressurreto, diz: "Eu sei que Ele me ama. Não posso entender isso, mas eu sei que Ele me ama. Ele fez isso por mim". Não é mero sentimento, não é simples emoção; ele dispõe de sólidos fatos da história para provar que Deus o ama. Deus não nos diz meramente que nos ama; Ele deu a prova mais espantosa disso. O apóstolo continua a dizer isso e a comprová-lo neste mesmo capítulo, do versículo 6 ao 11. Nada é mais maravilhoso do que saber que Deus ama você; e nenhum ser humano pode saber verdadeiramente que Deus o ama, exceto em Jesus Cristo, e Este crucificado.

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